sábado, 30 de maio de 2009

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar.

E,no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a luar do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

(Alphonsus de Guimaraens)

D.O.R

Sinto uma dor e angústia o tempo todo. Não tenho paz, nem conforto. Dia e noite sou tragado por sua fúria.

Sinto um vazio enorme no peito, sinto falta de algo quq me traga um sentido, que me possibilite sorrir, que me preencha e me transborde de alegria. Mas este algo não vem.

Essa dor me esgotou a esperança. E sem esperança não há vida. O vazio é tão grande que me furtou a vida, e me condenou a um estado semivegetativo.

Sinto desejo de morrer, sinto vontade de por fim a esse suplício que chamam de vida. Acredito que só isso possa aniquilar o vazio que me invade.

Quero ser liberto do vazio e da dor. A idéia de morte me ronda o tempo todo e gosto dela. Será ela a única saída? Só sei que no momento é a única que consigo visualizar.

já procurei ajuda profissional mais nenhum deles pode me ajudar, nenhum parecia preparado o suficiente para dar qualquer espectativa. Alguns mais perfdidos do que eu.

sinto meu corpo separado de minh'alma e minha alma padecesse de desejos sem poder satisfazê-la.

Fanatismo

Minhálma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és se quer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa...
"Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
"Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio do Fim!..."

Florbela Espanca